sábado, 19 de novembro de 2011

O Castelo de Belmonte

Belmonte fica situada na região da Cova da Beira do distrito de Castelo Branco, bem aos pés da Serra da Estrela, e é das poucas terras onde ainda existem testemunhos vivos.
Fica localizada num leve planalto onde, para além do catselo, sobressai uma paisagem deslumbrante com vista para campos abertos e para o rio Zêzere.
É uma vila nobre e antiga, carregada de historia.



Belmonte obteve o seu farol em 1199 e está situada no panorâmico Monte da Esperança, em cujo morro mais rochoso foi construido nos finais do séc. XII o seu castelo que, juntamente com os castelos de Sortelha e Vila de Touro, formaram até à assinatura do Tratado de Alcanices, a Linha defensiva do Alto Côa, apoiada na retaguarda pela muralha natural da Serra da Estrela e pelo Vale Zêzere.
Poe ser tempo de guerras contra leoneses e castelhanos, o castelo de Belmonte foi sendo melhorado nos reinados de D. Afonso III, D.Dinis e D. João I.
No ano de 1468, no castelo de Belmonte, propriedade da familia Cabral, nascia um menino de nome Pedro, filho de Fernão Cabral e de Dona Isabel de Gouveia. A origem deste nome perde-se nas brumas da memoria da historia de Portugal.
Fernão Cabral era o alcaide-mor de Belmonte e lutou ao lado de D, João I na famosa conquista de Ceuta em 1415. A reconhecida bravura e a lealdade da familia dos Cabrais foi sempre lendaria e temida.
De igual modo , a elevada linhagem da familia e o seu prestigio, permitiram mais tarde ao filho, Pedro Alvares Cabral contrair matrimonio com Dona Isabel de Castro, senhora pertencente à mais alta nobreza do Reino , terceira neta dos Reis Dom Fernando de Portugal e Dom Henrique de Castela, e sobrinha do celebre Dom Afonso de Albuquerque.

Quando Pedro Alvares Cabral iniciou as suas lides maritimas , levava sempre consigo uma pequena imagem da Senhora da Esperança, certo de ser Ela o melhor refugio nas inconstancias do mar tenebroso.
Foi perante essa imagem que, no momento em que os seus companheiros do Brasil, se ajoelhou e agradeceu a Deus o sucesso daquele empreendimento.
Chegado a Portugal, o nosso descobridor mandou construir uma Capella em honra da Nossa Senhora da Esperança.





Belmonte e as duas lendas

... Há muito , muito tempo o Castelo de Belmonte esteve cercado. Durante a noite o rufar do alarme crescia. Os olhos vigilantes atentos a ciladas e fugas cerceavam o inimigo.
Assim se travava uma luta de resistencia na qual se empregavam as poderosas armas da fome, do cansaço e da saudade da vida...
Quem iria desistir?
A coragem e o valor dos Belmontenses aumentava de dia para dia , já que defendiam as suas terras com a determinaçao de quem quer ser livre.
De um e de outro lado ouviam-se vozes que maldiziam a guerra. Passavam os dias à espera que alguem fraquejasse, enquanto eles proprios se sentiam ir enfranquecendo. Era notorio que um manto de tristeza se colova àquelas gentes e terras, e a amargura vivia desenhada e estampada nos seus rostos.
O tempo media-se pelo desespero da espera de terminar aquele cerco, e de contar de seguida os vencidos e os vencedores. Mas reinventavam-se estrategias e a luta prosseguia teimosa, obstinada e cega. Até que um dia a tragedia aconteceu. Cansados e esgotados de tantas noites de vigilia, os seus olhos por fim afroxaram um pouco. Enquanto isso e alheda no seu proprio mundo de criança , brincava despreocupadamente a filha do alcaide do castelo. A pequena , de tão habituada que estava às demonstrações de ternura das gentes do castelo , deixou  que lhe pegassem ao colo. Só reconheceu o inimigo porque se assustou com o peso das mãos fortes que a estavam a aprisionar. A pobre criança tinha sido raptada para servir como moeda de troca.

....- A vida da tua filha está nas nossas mãos ! Rende-te! .............. gritava o inimigo.
    - Não! Entregar o castelo? Nunca!........................................... dizia o alcaide completamente enlouquecido.

A sua filha tinha na verdade desaparecido, mas recusava-se a acreditar no que estava a ouvir. Quem seria tão maléfico ao ponto de ser capaz de sacrificar a vida de uma criança?
O seu coração segredava-lhe que o rapto era impossivel, mas na sua cabeça faziam eco aquelas palavras:

-A vida da tua filha ou o castelo!

O alcaide, apesar de tudo, decidiu que não existiria rendição. Conta-se que o alcaide chorava de dia e de noite a sua querida menina desaparecida...
Diz-se que a ameaça do inimigo se cumpriu e que a <> esculpida em pedras que se encontra no pelourinho de Belmonte e na Igreja de São Tiago serviu como instrumento de tortura. Um sacrificio a que assisttiram os que não cegaram de dor e de revolta. A Prensa, <>, simbolo do sofrimento de quantos resistiram na defesa do castelo.
Belmonte gravou para sempre na pedra e na memoria dos homens o testemunho da crueldade da Guerra, num apelo permanente à Paz.




O Cativeiro de Belmonte

Um corajoso soldado nascido em Belmonte, de sua graça Manuel, combateu com os muçulmanos até que acabou por ser feito prisioneiro dos piratas mouros.
Preso e transportado para Argel, ai ficou durante longos anos na escravidão , encarando os seus dias e o seu destino como uma penitencia enquanto ia iludindo as saudades que sentia da terra e da familia com as tarefas mais pesadas que fosse capaz de fazer. Para suavizar um pouco a sua triste vida, tinha como hábito repetir vezes sem conta a palavra << Esperança >> como se de uma cantiga se tratasse.
Apos muitos e dolorosos anos de cativeiro foi abordado por um mouro que lhe perguntou qual o significado daquela palavra.
Manuel explicou-lhe que significava o desejo ardente de voltar à sua terra e tambem a sua fé na Virgem da Esperança. O mouro respondeu-lhe que tal fé era impossivel e , a partir desse momento, como receasse que o pobre fugisse, apertou-lhe a vigilancia e tornou-lhe a vida ainda mais dura.

Diz-se que a Virgem teve tanta pena do pobre Manuel que na véspera do dia de Páscoa lhe apareceu, anunciando que o libertaria brevemente.
Assim aconteceu. Manuel cruzaria os mares dentro da arca onde habitualmente dormia, tendo os mouros visto a arca elevar-se no ar e desaparecer para o lado do mar.
No sábado de Aleluia, os habitantes de Belmonte quando se dirigiam à Capela para assistir à missa, viram com espanto uma arca aterrar junto à Capela e dentro da arca encontraram o Manuel, que todos julgavam já morto há muito tempo.
A alegria do povo foi indescritivel e nesse preciso momento decidiram erguer nesse local uma outra Capela... esta dedicada a Nossa Senhora da Esperança. 



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