quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Velhos habitos

Existem alturas na nossa vida
que voltamos à velha básica folha de papel.
Onde apenas ela lê, ouve, e sente o que ditamos.
Alturas essas que nos fazem descer à terra,
olhar à nossa volta e ver o que é realmente real.
Nada mais a não ser a folha de papel, o silêncio
rasgado pelo roçar da caneta e nós.
O nosso eu ,
apenas tem a compaixão dessa mesma folha,
que guarda o que sentimos.
Talvez com o tempo a tinta acabe por desaparecer
e o papel se desgaste com a idade.
Assim como o corpo se apaga
e a alma adormece num sono profundo.
Regressar a estes velhos sons,
a estes velhos hábitos,
faz pensar que nada muda,
apenas o tempo passa e os anos envelhecem.
A pele se enruga e os cabelos esbranquecem.
Por quanto mais tempo irá
alguém manter estes hábitos,
Tão primários da história humanos?
Não se sabe nem tão pouco se imagina.
Mas sempre se soltam as palavras
mais belas nas folhas básicas de uma vida.
Nem sempre se escreve o mais correcto e directo a outro alguém,
faz parte da mente humana usar meias palavras
entre enigmas também.


Em prosa ou em verso
vou ditando o que sinto
Podem ser meias palavras confesso
mas aos meus olhos
não as nego nem as desminto.

Pinto em palavras
todos os sonhos de uma vida vazia
Desilusões, amores perdidos,
minha alma está cada vez mais fria

De tanta lágrima
que um dia chorei a fonte secou
Assim como as lágrimas que brotei
meu coração gelou.

Não me vejo de outro modo
se não com este olhar carregado
Talvez até seja melhor
do que te ter aqui do lado.

Não existe dor maior e crua
do que um ser sem amar
Não existe ninguém que te ame
nem amor como o que tenho para te dar.

Que importa a cor que me avista
ou até mesmo onde meu despertar esteja
Se me agrada à minha vista
entre o teu olhar, o meu nem pestaneja.

De regresso as folhas básicas de papel
confesso a minha triste dor
Meus olhos não mais choram
por ti meu grande amor.

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